Mostrando postagens com marcador Aquarela. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Aquarela. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Cidades e sensações, aquarelas de Avelino

"Rua dos Engenheiros em Paranapiacaba", aquarela, Carlos Avelino
A Galeria do Ateliê Contraponto está apresentando até o próximo dia 20 de abril uma exposição com 50 aquarelas do artista paulistano Carlos Avelino.

Carlos Avelino
Carlos Avelino trabalha como professor e realizador de cinema de animação. Também tem atuação constante no cenário brasileiro das artes plásticas e ilustração. Realizou diversas produções nacionais e internacionais tanto para publicidade quanto longas metragens para cinema na área de animação. Exerce a função de coordenador e professor do curso de animação na Faculdade Melies de Tecnologia.

Alguns de seus trabalhos podem ser visto em exposição permanente na Pinacoteca de Ponta Grossa - PR como também no livro Urban Sketches juntamente com artistas do mundo todo. Para Avelino a arte em aquarela vai muito além da inspiração pois ela exige técnica, dedicação e estudo. É um objetivo perseguido através do tempo. As pinceladas fluídas e com naturalidade são um desafio. Uma busca incansável exercida diariamente para que o artista possa representar as formas e captar sensações de maneira simples.

Estas aquarelas, que estarão expostas até o dia 20 de abril, é a sua interpretação de momentos da vida. A sua pintura não busca representar fielmente figuras e cenários. A “mágica” está em imortalizar momentos do cotidiano trazendo o expectador para o interior da obra e, desta maneira, possa ter a sensação de participar daquele momento tão especial do artista.



"São Luis do Paraitinga", aquarela de Avelino

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Exposição de aquarelas no Ateliê Contraponto

Um grupo de 14 alunos do artista e professor de aquarela Gonzalo Cárcamo selecionou seus melhores trabalhos ao longo do ano para montar uma exposicão que foi denominada de Manchas & Trasparências. Com o apoio da Casa do Artista o grupo vem organizando há 4 anos esta mostra com enorme sucesso que começou no Plein Air Studio em São Paulo e a seguir na sede da Secretaria da Cultura em Ilhabela, onde recebeu visitantes do mundo todo.


Este encontro de aquarelistas não somente expõe e comemora os resultados alcançados por todos a cada ano, como este evento tem representado uma enorme motivação para aqueles que gostam de pintura e principalmente da técnica da aquarela. Você está convidado para visitar a exposicão de aquarelasManchas&Transparências, no dia 18 de novembro, às 19:00hs no Ateliê Contraponto na Travessa Dona Paula, 111-Consolação –SP.


Ilustrador chileno (Los Angeles), radicado no Brasil desde 1976, Gonzalo Cárcamo colabora com as principais publicações do país. Já ganhou alguns prêmios por seu trabalho, entre eles os de melhor caricatura nos salões internacionais de Humor do Piauí (1987) e Piracicaba (1988) e o de melhor ilustração de livro infantil (2002, 2004 e 2005). É autor de quatro livros infantis e um de aquarelas sobre Paraty.


Gonzalo Cárcamo
Gonzalo Cárcamo (1954) é ilustrador, caricaturista e artista plástico com uma longa experiência na técnica da aquarela. Realizou algumas exposições de pintura no Brasil, Espanha e na sua terra natal, Chile.
Durante muito tempo trabalhou como cenarista de desenhos animados, chegando a participar em pequenos curtas para os estúdios da Walt Disney, na produtora HGN. Em 1986 publica suas primeiras caricaturas no semanário Pasquim, dando inicio a uma longa jornada com publicações em jornais e revistas mais importantes do Brasil e do exterior conquistando notoriedade com suas aquarelas. Diário “El Pais” (Espanha) Apsi (Chile) , Istoé, Veja, Carta Capital, Época, Cult, Educação (Brasil) entre outras.
Também atua como ilustrador de livros para várias editoras no Brasil. Escritores de literatura nacional e internacional, tais como Gabriel Garcia Marquez, Machado de Assis, Eça de Queiroz, já tiveram publicações ilustradas por Cárcamo.
No ano 2000 lançou o seu primeiro livro como autor: “Modelo vivo, natureza morta”, pela editora Paulus. Uma história comovente, contada apenas com imagens. Atualmente é colaborador da Folha de São Paulo e da revista Época e trabalha em seu atelier, em São Paulo.
Aquarela de Gonzalo Cárcamo

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Tate Britain expõe William Turner

William Turner - The Blue Rigi, 1842 - Aquarela - 29,7 x 45 cm
Joseph Mallord William Turner, um dos nomes mais reverenciados da pintura inglesa do século XIX, está sendo homenageado com mais uma exposição de suas pinturas, no museu Tate Britain de Londres, entre 10 de setembro e 25 de janeiro de 2015.

Quando Turner tinha 60 anos de idade, em abril de 1835, visitou a Dinamarca, a Alemanha e a Holanda. No ano seguinte, foi para a França e Suiça, e em seguida Alemanha de novo, mais a Bélgica e a Itália. Sempre foi um incansável viajante e explorava a Europa como explorava suas pinturas: sozinho, fisicamente fragilizado e desenhando sempre. A esta altura de sua vida já não se preocupava mais com a venda de sues quadros, pois estava cercado de marchands que faziam isso por ele. Sem mais se preocupar com sua sobrevivência, Turner, já com 70 anos, se permitia experimentar, exercitar sua pintura, deixando obras inacabadas, mas sem jamais parar de se aprofundar em suas pesquisas como pintor. 

Ao mesmo tempo, o pintor sofria pesadas críticas, principalmente porque morava junto com Sophia Booth, sem ter se casado. A sociedade inglesa, conservadora demais, não aceitava os excessos de liberdade do artista, em sua vida e em sua obra, e por isso ele sempre era motivo de escândalo para os ingleses. Assim, numa pintura como “Sol poente sobre um lago”, um sol brando se reduz a uma espécie de bola esmagada, como uma goma de mascar, enquanto que “Praia de Brighton”, que abre a exposição do Tate reduz a paisagem marinha a quatro retângulos e uma área plana de cores batidas anunciam o “Impressão: nascer do sol” de Claude Monet, trinta anos mais tarde.

Obviamente em 1843 ainda não havia surgido a pintura abstrata. O próprio termo não significava nada e era impensável para um pintor da geração de William Turner. Ele se fixava sempre no mundo a seu redor, assim como nas pesquisas em sua pintura. Pintou desde mitos greco-romanos até as cerimônias religiosas de Veneza, os fenômenos naturais e as paisagens de seu país, como se fizesse tudo explodir em luz e cores.

Mesmo em idade avançada, Willian Turner continua desenhando com minúcia desde cenas bíblicas a paisagens. Já usava óculos de grau para poder enxergar melhor e desenhar, mas a imprecisão da vista já cansada leva-o a experimentar ainda mais a luz e a cor em seus quadros, feitos a óleo ou em aquarela. Romântico puro, ele coloca seus sentimentos pessoais sobre o mundo real. E pinta. 

Até sua morte, em 1851, Turner buscou a luz, e a descobriu muitas vezes.

Algumas das obras que estão expostas no Tate Britain:

William Turner - Ancient Rome; Agrippina Landing with the Ashes of Germanicus, 1839
- óleo sobre tela, 91,4 x 121,9 cm

William Turner - Goldau, with the Lake of Zug in the Distance - estudo feito por volta de 1842-3, caneta, aquarela, lápis - 22,8 x 29 cm

William Turner - Fishermen on the Lagoon, Moonlight, 1840 - aquarela, 19 x 28 cm

William Turner - Returning from the Ball (St Martha), 1846 - óleo sobre tela, 61 x 92,4 cm

William Turner - The Visit to the Tomb, 1850  óleo sobre tela, 91,4 x 121,9 cm


William Turner - Peace, Burial at Sea, 1842 - óleo sobre tela, 87 x 86 cm

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Anders Zorn, o pintor realista sueco



Autorretrato
Anders Leonard Zorn é um pintor de origem sueca, nascido em 18 de fevereiro de 1860. 
Sua pintura a óleo e suas aquarelas são compostas de paisagens sobre a vida no campo, de retratos e nus, e também mostram sua forma especial de representar a água. Ele é, junto com Carl Larsson, o pintor mais popular da Suécia.

Anders Zorn passou sua infância numa fazenda perto da cidade de Mora. Sua família tinha uma vida simples no campo, e isto marcou sua vida e sua obra, como mostram as numerosas obras que descrevem a vida camponesa na Suécia. Ele também fez vários quadros de sua mãe e de sua avó, a quem era muito apegado. Seu pai, Leonhard Zorn, um cervejeiro alemão, conheceu sua mãe durante uma viagem dele à Uppsala. Ela engravidou, mas Anders Zorn jamais viu seu pai. Foi criado pela mãe e avós maternos.

Em 1872, quando seu pai morreu, ele herdou uma pensão em dinheiro que lhe permitiu ir estudar na Academia Real de Belas Artes de Estocolmo. Inicialmente ele aprendeu a técnica da escultura em madeira. Imediatamente ele se interessou pela aquarela e muito cedo ele se tornou um prodígio de aquarelista em meio aos que frequentavam a academia. A sua tela “De luto” foi selecionada, entre outras, para a apresentação anual da Academia.
De luto, Anders Zorn, aquarela, 1880

Insatisfeito com o conservadorismo da Academia de Belas Artes, Anders Zorn a abandona em 1885 e sai em viagem pela Espanha, Paris e Londres. Nesses lugares, ele realiza diversos retratos em aquarela, nas quais chama a atenção para seu domínio técnico.

Casa-se em 1885, na Suécia, com Emma Lamm e viajam juntos para Constantinopla e Alger. Ele sempre observa a água dos mares por onde passava. Depois eles retornam à Suécia, e Zorn constroi uma casa na cidade de Mora, onde nasceu. 

Em 1889, ele foi a Paris participar da Exposição Universal daquele ano, mesmo período em que o Impressionismo começa a ser reconhecido como uma grande forma de pintura. Sua obra passa a ser bastante apreciada na França, para onde ele volta regularmente. Em 1906 ele expõe em Paris 166 quadros, e teve uma grande aceitação por parte de críticos e do público.

Nos últimos anos de sua vida, ele se dedica novamente à escultura e à gravura. Anders Zorn faleceu em Estocolmo, no dia 22 de agosto de 1920.

......................................

Algumas de suas pinturas:






Gravura de Anders Zorn




quarta-feira, 11 de junho de 2014

Vera França modelo vivo

Vera França posando para retrato no ateliê de Maurício Takiguthi
Há mais de 50 anos Vera França, que completa 73 anos de idade este ano, posa como modelo vivo para artistas pintores, escultores, desenhistas. O Ateliê Contraponto está recebendo o “Projeto Vera França Modelo Vivo” idealizado por Jair Diniz, que inclui quatro sessões com a modelo posando, seguida de exposição de trabalhos inspirados em dona Vera. Dia 30 de julho será aberta a exposição com uma homenagem festiva dos artistas paulistanos à sua modelo mais antiga.
A modelo Vera França
Vera França é pernambucana de nascimento, nascida em Afogados da Ingazeira. Um de seus primeiros empregos foi em um parque de diversões em Salvador, Bahia, como bailarina de can-can. Tinha uns 19 anos, diz ela. Um belo dia foi convidada a posar como modelo em uma escola de Belas Artes na capital baiana. Assim começou uma carreira que já dura cerca de 52 anos.
De Salvador, Vera França veio para São Paulo onde, na época, havia uma carência grande de pessoas que posassem para os artistas. Chegou aqui em abril de 1966 e foi morar no quarto de empregada do apartamento do artista Flávio de Carvalho. Ajudava na casa e posava para ele, que na época morava na avenida Ipiranga. Através dele, foi apresentada a diversos outros artistas e com isso sua carreira como modelo vivo foi crescendo. Foi com esta profissão que Vera criou suas duas filhas e hoje ajuda a criar seus netos.
As sessões com modelo vivo são fundamentais para qualquer pessoa que desenha, pinta, grava, esculpe. Artistas plásticos, designers, ilustradores, sketchers, gravadores e escultores sabem o quanto é importante o estudo da anatomia do corpo humano, o estudo dos movimentos, do gestual, das direções, das proporções, para sua evolução individual nas artes visuais. São momentos ricos de aprendizado e por isso é tão importante que existam modelos como Vera França.
Auguste Rodin trabalhando em seu ateliê
Por isso, tantos artistas ao longo da história devem tanto a essas pessoas que se dispõem a posar para eles! Podemos afirmar que grande parte das obras de arte que conhecemos deve-se a estas inúmeras pessoas que se postaram quietos – ou em movimento – à frente de cavaletes e mesas de trabalho dos artistas.
Lucien Freud, por exemplo, quase nunca pintava sem um modelo vivo à sua frente, assim como Auguste Rodin, o escultor. Caravaggio, para a grande maioria de seus quadros, teve modelos, entre seus conhecidos, posando para ele. John Singer Sargent, Joaquin Sorolla, Diego Velázquez, Degas, Gustave Courbet – a lista é imensa! – construíram grandes obras de arte a partir do estudo do corpo de modelos que posaram para eles. Podemos afirmar que nenhum grande artista pode abdicar da prática do desenho ou pintura com modelo vivo.
Desenhar, esculpir ou pintar uma pessoa posando amplia altamente o repertório pessoal do artista com traços, com massas, com valores, com tonalidades, com espaços, com proporções, com gestos, com expressão.
Por isso é tão importante essa homenagem a Vera França, que já possou para inúmeros artistas, ateliês, faculdades de arte. Ela já possou na Pinacoteca, no Centro Cultural, no Sesc. Desde 1966 vem ajudando artistas em seu trabalho de criação e em seus estudos.
No Ateliê Contraponto serão feitas quatro sessões de modelo vivo, com Vera França posando. Em seguida, no dia 30 de julho, haverá a abertura da exposição de trabalhos produzidos a partir dessas poses. Os artistas também farão uma homenagem a esta senhora de 72 anos que é parte viva do trabalho artístico com modelos vivos produzido em São Paulo há mais de 50 anos.
--------------------------------------------------
A programação no Ateliê Contraponto é esta:

- hoje, dia 11 primeira sessão de modelo vivo com dona Vera
- dia 25 de junho, segunda sessão
- 19 e 26 de julho - sábados - sessões de modelo vivo
- dia 30 de junho - abertura da exposição de trabalhos com o tema "Vera França" e homenagem festiva à modelo.

Para participar desta homenagem, basta se inscrever pelo e-mail contato@ateliecontraponto.com.br

Cena do filme "L'artiste et sont modèle", de Fernando Trueba, produção França e Espanha, 2013

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

A estrada aberta

Depois de Ilya Repin - estudo em óleo que finalizei neste sábado, dia 14/12, sobre a pintura original do artista russo Ilya Repin, cujo título é "Retrato do compositor Modest Petróvich Músorgski, exposta na Galeria estatal Tretiakov, Moscou, Rússia.
...........................

2013 está terminando, este ano intenso, que exigiu muito de mim, paciência, perseverança, dedicação, mergulho mais profundo nos meus sonhos. Muito estudo, muito aprendizado à beira do meu cavalete.

Mas 2013 também me recompensou: fruto de tanto esforço, tantos e tão antigos sonhos, um deles - o maior - está se realizando: anuncio a todos os leitores deste blog, todos os seguidores, amigos, pessoas de várias partes do mundo que entram por aqui:

Está nascendo o Ateliê Contraponto!


Travessa Dona Paula, 111, a poucos metros da rua da Consolação

O Ateliê Contraponto é resultado de uma associação com mais três amigos que partilham comigo o mesmo caminho na arte figurativa: a realista. São eles: Márcia Agostini, Alexandre Greghi e Luiz Vilarinho. Nossa parceria foi sendo gestada mês a mês, ano a ano, entre as mesas de desenho e os cavaletes de pintura do Atelier de Maurício Takiguthi. Alguma semente foi plantada ali, em algum momento, quando desenhávamos ou refletíamos sobre o mundo da arte. Algo em nós ficou maduro e o fruto está se concretizando em cores muito entusiasmantes!

Nosso Ateliê Contraponto está localizado na Travessa Dona Paula, 111, em Higienópolis, entre a rua da Consolação e a Avenida Angélica. Será um espaço para aulas de desenho e pintura, mas também um espaço para exposições de artistas figurativos de São Paulo, do Brasil e de qualquer lugar do mundo. Será também um espaço para estudo e discussão dos temas mais importantes da arte na atualidade. Para isso, iremos trazer convidados entre artistas e intelectuais ligados ao pensamento artístico e cultural. Também iremos oferecer oficinas e workshops com artistas convidados, nas áreas de desenho, pintura, aquarela, escultura.

O sonho é grande, o sonho é imenso. Mas o caminho apenas começou e a estrada é longa... Mas vamos!


"A pé e de coração leve
eu enveredo pela estrada aberta,
saudável, livre, o mundo à minha frente,
à minha frente o longo atalho pardo
levando-me aonde eu queira.

Daqui em diante não peço mais boa sorte
boa sorte sou eu.
Daqui em diante não lamento mais,
não transfiro, não careço de nada;
nada de queixas atrás das portas,
de bibliotecas, de tristonhas críticas;
forte e contente vou eu
pela estrada aberta.

A terra é quanto basta:
eu não quero as constelações mais perto
nem um pouquinho, sei que se acham muito bem
onde se acham, sei que são suficientes
para os que estão em relação com elas.

(...)

A terra a se expandir
à esquerda e à direita,
pintura viva - cada parte com
a luz mais adequada,
a música a se fazer ouvir onde faz falta
e a se calar onde não é querida,
a jubilosa voz da estrada aberta,
a alegre e fresca sensação da estrada."


(Walt Whitman, Canto da estrada aberta,
em "Folhas das folhas de relva")

Feliz Natal! Feliz 2014 para todos!

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

A arte realista de John Singer Sargent

El Jaleo, John Singer Sargent
John Singer Sargent nasceu em Florença, Itália, em 12 de janeiro de 1856, mas era filho de pais norte-americanos, originários da Filadélfia e por isso, ele é considerado de origem norte-americana. A família de John Singer Sargent vivia modestamente em Florença, Itália, e sem contato com outros norte-americanos que viviam naquele país. Recebiam apenas as visitas ocasionais de alguns amigos artistas.

Sargent, desde pequeno, viajava com sua família por países europeus, visitando museus e igrejas, pois sua mãe considerava isso fundamental para a educação dos filhos. Ela era uma artista amadora, enquanto seu pai fazia ilustrações para uso na medicina. Por isso, desde cedo ele ganhava cadernos de desenho e era encorajado a desenhar em suas viagens. Fazia, então, desenhos detalhados das paisagens que via e chegou a copiar as imagens de uma revista londrina ilustrada. Adorava desenhar navios, o que fez seu pai achar – e desejar – que o menino fosse acabar seguindo uma carreira de marinheiro.

Quando ele completou 13 anos, sua mãe achou que era hora de levar o filho, que já desenhava muito bem, a um estudo mais sistemático, e ele recebeu suas primeiras lições de aquarela com Carl Welsch, pintor paisagista alemão. Sargent já sabia muito de arte, literatura e música. Também falava fluentemente francês, italiano e alemão. Aos 18 anos já conhecia de perto, e bem, os grandes mestres italianos como Tintoretto, Ticiano e Michelangelo.

Lady Agnew, Sargent
Sargent é considerado um dos maiores retratistas de sua época, mas se dedicou também à pintura de paisagem e pinturas urbanas. São muito conhecidas as aquarelas que ele pintou da cidade de Veneza, Itália.

Ele trabalhava intensamente em sua arte, de manhã à noite, diariamente, sete dias por semana. Entre 1877 e 1925 ele pintou mais de 900 telas a óleo e mais de duas mil aquarelas, além de incontáveis desenhos com carvão e lápis-grafite. 

Sargent começa seus estudos na Academia de Florença, mas foi na França que ele recebeu sua formação mais densa. Com apenas 18 anos de idade foi admitido no Atelier do pintor realista Carolus-Duran, em Paris, um artista que se inspirava na obra do também pintor francês Gustave Courbet. Sargent passou também pelo atelier de outro pintor francês, Léon Bonnat. Sua educação foi fortemente influenciada na pintura do mestre espanhol Diego Velázquez e na do holandês Franz Hals.
Seus estudos no atelier de Carolus-Duran compreendiam desde desenho de anatomia até perspectiva. Mas também passa grande parte de seu tempo desenhando nos museus de Paris. Nessa época ele partilhava um atelier com seu amigo pintor e norte-americano James Carrol Beckwith, seu primeiro contato com os inúmeros norte-americanos que no século XIX foram viver no estrangeiro, para aprender pintura.

Carolus-Duran exigia muito empenho no desenho, ao qual Sargent se submeteu. Lá ele aprendeu a pintar alla-prima (com o pincel diretamente na tela, sem preparação anterior), como era o estilo de Diego Velázquez.

Esboço para Dama Ethel Smyth

Rapidamente Sargent se tornou o aluno favorito de Carolus-Duran, que considerava seus desenhos e suas pinturas dentro da “mesma veia” dos velhos mestres. Logo, o jovem pintor passou a ser admirado em Paris. Ele passou a conviver com artistas do nível de Degas, Rodin e Monet, entre outros.Com 23 anos de idade, pinta o retrato de seu mestre Carolus-Duran. Em seguida expõe no Salão de Paris.

Em 1879, Sargent se despede do atelier de Carolus-Duran e viaja para a Espanha, com o desejo de estudar as pinturas de Velazquez. Lá, ele se apaixona pela música e pela dança espanhola. Ele sempre foi um apaixonado por música durante toda a sua vida. Da Espanha, foi para a Itália onde realizou inúmeros esboços e anotou ideias para diferentes pinturas que ele fará depois.

Em seu retorno a Paris, recebeu uma enxurrada de pedidos de retratos e sua carreira deslancha. Sargent tinha uma grande capacidade de concentração e disciplina, que o manteve pintando durante os próximos 25 anos de sua vida. Ele já era, então, a grande vedette em meio aos artistas em Paris, inclusive por sua maneira refinada e seu francês perfeito.

Nos anos 1880, Sargent expõe regularmente no Salão de Paris. Os críticos da época o comparavam a Velázquez, especialmente após o quadro “As filhas de Edward Darley Boit”, pintado em 1882, baseado em “As meninas” do pintor espanhol.

Claude Monet pintando ao ar livre, óleo sobre tela, John Singer Sargent, 1885

Tudo ia muito bem para John Sargent, quando ele pinta e expõe seu quadro “Madame X”, em 1884. Atualmente, ela é considerada sua obra-prima e era sua preferida, segundo seus biógrafos. Ele teria dito em 1915 que aquela pintura era a melhor coisa que ele já tinha feito. Mas quando a tela é apresentada ao Salão de Belas Artes de 1884, a reação de críticos e público foi tão negativa que obrigou o pintor a se mudar de cidade, indo se instalar em Londres. Ocorre que a senhora retratada por ele não havia encomendado essa pintura e isso causou muito escândalo em Paris. E ela própria se envolveu, causando muito incômodo para Sargent. Para o público, era difícil aceitar uma pintura de uma mulher com tanta diferença entre a cor do seu vestido e a de sua pele. Foi um golpe difícil pare ele, que chegou a pensar em parar. Mas, diante da reação escandalosa de todos, Sargent resolveu ir embora de Paris.


Carnation, Lily, Lily, Rose, Sargent
Se instala em Londres. Mas os críticos de arte inglesa resistiram a aceitar a pintura dele, acusando-o de pintar de maneira muito francesa. Um de seus críticos dizem inclusive que sua maneira de pintar era dura e quase metálica. Mas com o tempo Sargent foi atraindo a atenção dos ingleses para seu trabalho e logo começou a receber muitas encomendas para retratos.

Na Inglaterra, Sargent passou bastante tempo pintando no campo. Em 1885, visitando Monet em Giverny, França, ele pintou aquele que é considerado um de seus quadros mais impressionistas, representando Monet pintando a céu aberto (plein-air). Nessa década de 1880, Sargent chega a participar de várias exposições impressionistas. Ainda que os ingleses chegassem a classificar Sargent como impressionista, os franceses, como Monet, não concordavam com isso porque viam na pintura dele uma influência muito grande de seu mestre realista Carolus-Duran.

O primeiro grande sucesso de Sargent na Inglaterra teve lugar na Academia Real em 1887, com seu quadro “Lily, Lily, Rose” representando duas meninas com lanternas num jardim inglês. Essa pintura é parte do acervo da Tate Gallery de Londres.

Sua primeira viagem aos EUA foi entre 1887-88, indo para Nova Iorque e depois Boston, onde ele faz sua primeira exposição individual nos EUA, apresentando 22 obras. E recebe novos pedidos de retratos.


Uma rua em Veneza, Sargent
Para pintar os retratos, Sargent solicita de oito a dez sessões com o modelo a ser pintado. Muitas vezes na casa da pessoa que solicitou, mas a maioria das vezes em seu atelier, bem sortido de móveis e objetos que ele mesmo escolhia para que o efeito fosse bom. Normalmente ele entretinha seus clientes com alguma conversa e algumas vezes interrompia a sessão para tocar um pouco no piano. Muito raramente fazia esboços preparatórios. Como tinha aprendido com Carolus-Duran, a maior parte das vezes ia diretamente com o pincel na tela. Sargent nunca teve assistentes. Ele mesmo preparava suas telas, envernizava suas pinturas, além de se ocupar pessoalmente com a papelada e documentos do atelier. Ele era tão famoso retratista que diversos clientes norte-americanos ricos iam a Londres apenar para serem pintados por Sargent.

Durante os anos 1890, ele chegava a receber catorze encomendas de retratos por ano, o que lhe valeu o título de “o Van Dyck” daqueles tempos. Agora viajava com bastante freqüência aos EUA, sobretudo por causa das encomendas que recebia.

Entre 1900 e 1907, Sargent produziu num ritmo intenso, mais de doze retratos a óleo por ano, mas também fazia dezenas de retratos apenas desenhados, que ele vendia por preço mais baixo. Com 51 anos de idade, em 1907, Sargent fecha seu atelier de retratos. Nesse mesmo ano, pinta seu próprio retrato. Se concentra em pintar apenas paisagens.
Os intoxicados, óleo sobre tela, Sargent, 1918
Mas em 1917, a maior parte da crítica já o considera um pintor do passado. Os artistas modernos o consideravam desconectado da realidade da vida norte-americana e das novas tendências nas artes. Ele aceita as críticas calmamente, mas se recusa a mudar sua opinião negativa sobre as novas tendências artísticas. Ele teria dito que “Ingres, Rafael e El Greco possuem atualmente toda a minha admiração. Eles são o que eu amo”.

Durante a sua carreira, Sargent pintou centenas de aquarelas, mais de duas mil. Do campo inglês à cidade de Veneza, ele era infatigável aquarelista. As de Veneza, por exemplo, muitas delas ele pintou sentado dentro de uma gôndola. Nelas, ele expressava sua atração pela natureza, pela arquitetura, pelas paisagens com montanhas. Mas também pintou seus amigos, sua família, os jardins de sua casa.

A primeira vez que ele expôs essas aquarelas foi em 1905, na Carfax Gallery de Londres. Em 1909, expôs 86 aquarelas em Nova Iorque. De seus retratos feitos com carvão, ele expôs 46 deles – realizados entre 1890 e 1916 – na Sociedade Real de Pintores de Retratos em Londres, em 1916.
John Singer Sargent morreu em 14 de abril de 1925, em Londres, Inglaterra.
As filhas de Edward Darley Boit - inspirado em As Meninas, de Velázquez