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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Natureza morta


Acabei de terminar a pintura dessa natureza morta com pastel colorido. É um dos estudos do atelier para treinar a aplicação da cor intensa, sem opacidade, em camadas que vão trazendo o efeito de cor local. Uma coisa importante sobre isso é que quando se pinta um quadro usando o esquema rígido da cor local, a tendência é que a pintura saia dura, estática. Mas com o movimento das massas que ultrapassam a forma do objeto e essa movimentação de cores que se repetem em vários pontos, dão o ritmo e criam a sensação de movimento, de brilho e de mais realidade. Não é necessário descer ao detalhismo extremo do modelo observado, para que o efeito geral traga a quem observa uma sensação de que tudo aquilo que está ali apenas sugerido, seja o suficiente para formar um todo coerente. David Leffel, pintor norte-americano, sempre atenta para isso: o pintor não está pintando um pão, um peixe, uma faca, um vaso... Está pintando relações de espaço, ritmo e principalmente está pintando a Luz.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

As dores da Colômbia segundo Fernando Botero

A exposição "dores da Colômbia" do artista colombiano Fernando Botero, já passou por Brasília, Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo. Mas ainda pode ser vista em Porto Alegre, cuja inauguração se deu em 21 de janeiro, no centro Cultural Érico Veríssimo, lá ficando até o dia 8 de março próximo. A mostra reúne 67 obras do pintor, doadas por ele ao Museu Nacional da Colômbia entre 2004 e 2005.


Fui ver essa exposição no Museu do Olho de Curitiba, no ano passado. O conjunto da obra mostra como a arte pode levar a uma reflexão sobre nossa sociedade, sobre os dramas da guerra, sobre a morte. Assim como o fez Portinari, com seus paineis Guerra e Paz", que estão expostos aqui em São Paulo, no Memorial da América Latina.


A exposição de Botero não é fácil de se ver. São telas aonde ele pintou pessoas mutiladas, assassinatos e todo tipo de violência, físicas e morais. As figuras apresentam pessoas angustiadas, desesperadas. Lembra um pouco o que fizeram os artistas expressionistas alemães, no período entre as duas guerras mundiais, quando criaram obras de arte que mostravam basicamente o desespero humano diante da tragédia da guerra e da existência difícil num mundo onde falta o básico para a sobrevivência e sobra muito medo do futuro.



Na exposição de Botero, cujos quadros foram colocados sobre paredes cinzas, mostra a ideia do artista que disse que queria deixar “um testemunho de artista que viveu seu país e seu tempo. É como dizer: vejam a loucura em que vivemos (...). Meu país tem duas caras. A Colômbia é o mundo amável que eu pinto sempre, mas também tem essa cara terrível da violência” Nessa exposição, Botero dá um destaque especial às mulheres, na série “Las Madres” que retratam mães chorando a perda de seus filhos.


“Dores da Colômbia” é parte de uma corrente artística que vincula a arte e política, em contextos onde o artista se dá o papel de interpretar e denunciar fatos históricos em suas telas. São inúmeros os exemplos, como Delacroix, Francisco Goya e Pablo Picasso (com sua “Guernica”). Como um gesto de solidariedade ao seu povo, Botero doou a coleção ao Museu Nacional da Colômbia, quando declarou: “Não vou fazer negócio com a dor do meu país”.



Em geral, com suas figuras gordas que são sua marca pessoal, Botero satiriza figuras de destaque da sociedade contemporânea.



Fernando Botero, ao lado de uma escultura
Mas quem é Fernando Botero? Um pouco de sua biografia:


Ele nasceu na cidade de Medellin, na Colômbia, em 19 de abril de 1932. Ele é pintor e escultor e sua maior reputação dá-se pela forma voluptuosa e arredondada de sua figuras gordas. Ainda vivo, ele é um dos raros artistas que gozam de fama e glória, em vida. Oficialmente, sua carreira começou em 1958, quando ele ganha o prêmio do Salão dos Artistas Colombianos.


Botero fez inúmeras viagens aos Estados Unidos e Europa, desenvolvendo um estilo que lhe é muito próprio, que já podia ser visto em 1957 com sua pintura “Natureza morta à La mandoline”. Por esse estilo tão característico, Botero não se enquadra em nenhum movimento ou corrente estilística passada ou atual. Sua obra é, ainda, inspirada basicamente na arte pré-colombiana.


Fernando Botero passa sua infância em Medellin, onde faz seus primeiros estudos. Para seguir com os estudos secundários, ganha uma bolsa para o Colégio Jesuíta Bolivar. Passou um período estudando numa Escola de Touros, paga por seu tio apaixonado por touradas. Mas Botero ficou traumatizado com essa experiência e desenvolve medo de touros. Mas seus primeiros desenhos tem como tema principal os touros e as touradas.


Em 1948, com apenas 16 anos de idade, Botero consegue publicar seus desenhos no suplemento dominical El Colombiano, um dos jornais mais importantes de Medellin. Já nessa época, sua influência principal era a arte pré-colombiana, mas também lhe atraíam as obras dos muralistas mexicanos, como Diego Rivera, José Orozco e David Siqueiros. Os cursos que fez de História da Arte lhe fizeram descobrir os pintores europeus, especialmente Pablo Picasso. Em 1949, recebeu uma reprimenda da direção de sua escola por causa dos desenhos de nus que fazia para El Colombiano, sendo, em seguida, expulso da mesma escola porque havia escrito um artigo sobre arte contemporânea europeia, intitulada “Picasso e o incoformismo na Arte”.


Em janeiro de 1951, muda-se para a capital do país, Bogotá. Começa a ler os poemas de Pablo Neruda (1904-1973), Federico Garcia Lorca (1898-1936) e se interessa pela corrente literária do realismo mágico. Em junho do mesmo ano, ele faz sua primeira exposição individual, composta de 25 desenhos, aquarelas, guaches e telas pintadas a óleo. A exposição foi um sucesso e ele vendeu algumas obras. Nova exposição em 1952, ele apresenta as obras que fez na costa das Caraíbas. Em agosto do mesmo ano, ele ganha um prêmio no Salão dos Artistas Colombianos e, com o dinheiro do prêmio em mãos, resolve viajar para a Europa.


Chega em Barcelona em agosto de 1952, mas logo vai para Madri, onde se inscreve na Academia Real de Belas Artes de São Fernando. No Museu do Prado, ele estuda as obras dos mestres espanhóis, como Diego Velázquez e Francisco Goya.


Em 1953 faz uma pequena viagem a Paris. Fica decepcionado com as obras contemporâneas expostas no Museu de Arte Moderna de Paris e resolve ir estudar os mestres no Museu do Louvre. Em seguida, vai para Florença, Itália, e é admitido na Academia São Marcos. Lá, ele estuda a técnica do afresco, atraído pela arte do Renascimento italiano. Copia diversas obras, entre elas de Giotto di Bondone e Andrea Del Castagno. No período noturno, aprende pintura a óleo num atelier da Via Panicale que havia pertencido ao pintor Giovanni Fattori. Em 1954 assistiu a diversas conferências sobre arte, com o historiador de arte italiana Roberto Longhi, na Universidade de Florença. Isso faz com que Botero se interesse ainda mais pela arte do Quattrocento italiano, especialmente fascinado pelas obras dos pintores Paolo Uccello e Piero della Francesca.


Em março de 1955, resolve voltar para casa, em Bogotá. Dois meses depois, faz mais uma exposição com 20 pinturas trazidas da Itália. Mas essa exposição chocou o público, e ele não vendeu nada. Os críticos condenaram duramente seu trabalho. Sem dinheiro e precisando cuidar da vida, Botero trabalho algum tempo como vendedor de pneus e, em seguida, aceitou fazer trabalhos gráficos para a imprensa. Casa-se com Gloria Zea e em 1956 vai morar no México.


Foi em 1957, com sua pintura “Natureza morta à La mandoline” que Botero descobriu que podia dilatar as formas e exagerar os volumes de suas figuras, sua característica de estilo até hoje. Em abril, vai para Washington, EUA, fazer sua primeira exposição em território norte-americano. Aproveita para visitar diversos museus em Nova Iorque, e lá descobre o expressionismo abstrato, que já estava em voga desde o fim da década de 1940. Consegue o apoio de uma galerista em Washington, o que lhe permite sustentação financeira.


A exposição, no Museu do Olho de Curitiba, em 2011
Em maio de 1957 ganha novamente o Prêmio dos Artistas Colombianos. No ano seguinte, foi nomeado professor de pintura na Academia de Belas Artes de Bogotá, aonde fica até 1960.
Nesse ano, faz ilustrações para um livro do escritor Gabriel García Márquez, que serão também publicadas no jornal El Tiempo, de Bogotá. Mas em 1960 ainda, ele resolve deixar a Colômbia pela terceira vez, para ir viver em Nova Iorque. Ele expõe, no mês de outubro na Galeria Gres, a série “Menino de Vallecas após Velázquez”, que causou surpresa àqueles acostumados com pinturas mais coloridas do começo da carreira de Botero. Em novembro, ele ganha o prêmio “Guggenheim International Award”, pela Colômbia, com a tela “A batalha do arqui-diabo”.


A partir de 1867, já com a segunda esposa, Botero viaja regularmente entre a Colômbia, os EUA e a Europa. Vai para a Alemanha ver de perto a obra do artista alemão da Renascença Albrecht Durer, que lhe dão inspiração para fazer uma série de desenhos com carvão. Também faz no mesmo período diversas pinturas a partir do quadro “O café da manhã sobre a grama” do pintor francês Édouard Manet. Fez sua primeira exposição em Paris em setembro de 1969, na galeria Claude Bernard.


Em 1970, nasce seu terceiro filho, Pedro, em Nova Iorque, inspirando o pintor a fazer uma série de quadros que representam os primeiros anos de vida de seu filho. Em 1973, Botero deixa os EUA e vai morar em Paris. O filho pequeno, com quatro anos, morre num acidente de carro, o que abala fortemente o pintor. Em homenagem a ele, o Museu Zea de Medellin inaugura uma nova sala e lhe dá o nome de Pedro Botero, onde estão dezesseis obras doadas pelo pintor em memória de seu filho.


Entre 1976 e 1977, Botero se dedica mais à escultura e ganha vários prêmios na Colômbia e Venezuela.
Em 1983, Fernando Botero faz uma série de ilustrações para o livro “Crônica de uma morte anunciada” de Gabriel García Márquez. Em 1984, doa diversas esculturas ao Museu Antioquía de Medellin e 18 pinturas ao Museu Nacional de Bogotá. E passa os dois anos seguintes pintando telas com o tema das touradas, que ele expõe na Alemanha, Espanha, Itália, Japão e Venezuela.


Em 2000, ele faz uma doação de sua coleção particular para as cidades de Medellín e Bogotá, uma coleção que compreende mais de duzentas pinturas, desenhos e esculturas suas, assim como cerca de cem obras de artistas como Picasso, Monet, Renoir, Matisse, etc.


Em 2004, Fernando Botero se revolta contra os maus tratos sofridos pelos prisioneiros da prisão de Abou Ghraib no Iraque e produz uma série de trabalhos inspirado nesses fatos. Em 2008 foi nomeado Doutor Honoris Causa pela Universidade Autônoma de Nuevo León, onde ele apresentou uma exposição com as obras inspiradas na polêmica de Abou Ghraib.


Fernando Botero ainda é vivo e alterna sua morada entre a Colômbia, Itália, França e Nova Iorque.



quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

"Por ti, Portinari"

“Vim da terra vermelha e do cafezal. As almas penadas,
os brejos e as matas virgens acompanham-me
como o espantalho, que é o meu auto-retrato.
Todas as coisas frágeis e pobres se parecem comigo.”
(Candido Portinari)

Em 6 de fevereiro, há 50 anos, morreu o artista brasileiro de maior reconhecimento internacional: Candido Portinari. Duas homenagens à altura desse pintor acontecerão neste primeiro semestre de 2012: a escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel desfilará no sambódromo do Rio de Janeiro em homenagem ao artista, e o Memorial da América Latina em São Paulo passará a exibir os dois painéis “Guerra” e “Paz”, que depois passarão por outros países: Rússia, China, Índia e África do Sul.


Guerra e Paz


Após uma completa restauração realizada no Rio de Janeiro, os dois gigantescos paineis de Portinari serão exibidos ao público no Memorial da América Latina em São Paulo. É uma rara oportunidade de ver essas duas gigantescas telas de 14 metros por 10 cada uma, doadas pelo governo brasileiro à sede da ONU em Nova Iorque, Estados Unidos. Além de ser possível observar cerca de 100 estudos preparatórios que Portinari fez para os paineis, assim como uma amostra do Projeto Portinari, organizada pelo seu filho João Candido. No Memorial também está o painel Tiradentes, pintado por ele entre 1948-49.
Painel Guerra, de Portinari, 14 metros de altura por 10 metros de largura
Os paineis Guerra e Paz foram encomendados no final de 1952 ao pintor, para um espaço de 280 metros quadrados, maior do que o espaço que Michelangelo tinha para a pintura da Capela Sistina.


Portinari, em 1952, já havia sido proibido de pintar a óleo, por recomendação dos médicos, uma vez que ele já sofria com sintomas de intoxicação pelas tintas. Mesmo assim, Portinari aceitou o convite. Ele sabia que corria risco de morte ao aceitar esse trabalho, mas foi "uma decisão consciente e coerente com toda uma vida de militância", disse o filho do artista, João Candido Portinari, ao jornal Folha de São Paulo. "Foram nove meses pintando e ele saiu disso muito fragilizado."


Foi no auditório dos estúdios da antiga TV Tupi que durante 4 anos Portinari trabalhou na confecção de 180 estudos, esboços, maquetes e as pinturas para os murais, que foram entregues em 5 de janeiro de 1956 ao Ministro das Relações Exteriores Macedo Soares, para a doação à ONU.


Mas antes de embarcarem para os EUA, Guerra e Paz foram montados no fundo do palco do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, e em fevereiro de 1956 foram inaugurados pelo então Presidente da República Juscelino Kubitschek. Na ocasião, ele entregou a Portinari a Medalha de Ouro de Melhor Pintor do Ano de 1955, concedida pelo International Fine Arts Council de Nova York. Logo depois os paineis foram enviados à sede da ONU, mas somente no dia 6 de setembro de 1957, Guerra e Paz foram inaugurados em cerimônia oficial.


Mas sem a presença do pintor. Portinari era ligado ao Partido Comunista do Brasil, e o macartismo terrivelmente anticomunista que dominava os Estados Unidos naquele período, impediu que fosse concedido o visto de entrada a Portinari. Ele foi representado pelo chefe da delegação brasileira, o embaixador Cyro de Freitas-Valle, que lamentou publicamente a ausência do artista.


Portinari, com tamanho desafio à frente, realizou, só para o painel Guerra, cerca de 150 desenhos e 14 telas a óleo, como informa a pesquisadora Annateresa Fabris, da USP. Com seu traço marcantemente expressionista, ele resume nesses dois paineis todo o seu modo de ver a realidade do mundo: mães em desespero por seus filhos mortos, crianças esquálidas, retirantes, camponeses e trabalhadores sofridos, fazem do painel Guerra uma verdadeira denúncia dos horrores cometidos pelas guerras que dominaram o século XX, considerado o século mais sangrento de toda nossa história.


Nesse período, a resistência à guerra e ao nazismo e fascismo tinha alcançado também os artistas. Assim como Pablo Picasso e Bertolt Brecht, entre outros artistas humanistas, Portinari não podia se furtar a denunciar o que via em seu tempo: as consequências de duas sangrentas guerras mundiais, de massacres como nunca tinham sido vistos antes, quando homens mataram homens em conflitos bélicos, “acentuando climas de intolerância e regimes de terror, com a proliferação dos fascismos de diferentes formas - da Alemanha à Itália, da Espanha a Portugal”, como diz, em artigo, o sociólogo Emir Sader.


Não bastasse o sangue derramado nas duas guerras, duas bombas foram atiradas sobre Hiroshima e Nagasaki, o que levou o poeta Vinicius de Moraes a escrever “A rosa de Hiroshima”. Observando os detalhes da pintura de Portinari, nos sofrimentos ali expostos, nas mãos suspensas das mulheres em desespero, podemos lembrar dos versos do poeta: “Pensem nas crianças mudas telepáticas (...) Pensem nas mulheres, rotas alteradas...”


Emir Sader completa, em seu artigo: “Foi nesse marco - o da resistência e o do triunfo democrático - que uma geração notável de artistas e homens de cultura brasileiros se integraram a esse movimento internacional com o melhor de sua capacidade criativa. Os poemas de Carlos Drummond de Andrade sobre o assassinato de Federico Garcia Lorca, sobre a resistência de Stalingrado, ao lado das telas de Portinari Guerra e Paz se destacam como expressões maiores desse movimento”.
Painel Paz, de Portinari, 14 metros de altura por 10 metros de largura
No painel Paz, pessoas se movimentam, pessoas trabalham. Uma mãe está com seu bebê no colo, o filho de volta, pequeno, cheio de futuro. Um grupo de jovens canta. Muitas crianças brincam. É o recado do artista: a Paz deve ser para todos. As crianças representam o futuro da humanidade, um futuro de paz verdadeira, sem interesses bélicos que lancem as pessoas umas contra as outras, como nas guerras imperialistas.


Mas o mundo ainda não viveu esse dia. Estamos observando o desenrolar de uma crise que mais uma vez envolve os EUA e os países poderosos da Europa: há um cheiro de guerra no ar, quando ouvimos falar da Síria ou do Irã. A lição ainda não foi aprendida pelo senhores da guerra e os EUA, principalmente, ainda insistem na solução da morte para se imiscuir nos problemas internos da nações soberanas do mundo.


Guerra e Paz vão voltar à sede da ONU em 2013. Os poderosos do mundo vão continuar passando através deles, na entrada e na saída do prédio. E o recado do artista estará lá, em seu grito silencioso. Até que um dia os povos do mundo façam esse grito ser ouvido...


Serviço:
Exposição dos paineis GUERRA e PAZ
Memorial da América Latina
Barra Funda - São Paulo
De 6 de fevereiro a 21 de abril


O Samba para Portinari


Mas... como o mundo não é só guerra e o Brasil é também o país da celebração, a Mocidade Independente de Padre Miguel vai levar a arte de Candido Portinari para a Marquês Sapucaí no próximo carnaval, com o enredo “Por Ti, Portinari. Rompendo a tela, a realidade”.


O carnavalesco Alexandre Louzada pretende mostrar a infância do pintor em Brodowski, os grandes murais, pinturas como “Os retirantes”, as favelas e o carnaval que Portinari pintou. E lá também estarão representados os paineis "Guerra e Paz".


Este é o samba-enredo, de autoria de Diego Nicolau, Gabriel Teixeira e Gustavo Soares:


Por Ti, Portinari. Rompendo a tela, a realidade


Eu guardei
A mais linda inspiração
Pra exaltar em tua arte
A brasilidade de sua expressão
Desperta gênio pintor
Mostra teu talento, revela o dom
Deixa a estrela guiar
Faz do firmamento, seu eterno lar


Solto no céu feito pipa a voar
Quero te ver qual menino feliz
Planta a semente do sonho em verde matiz
Emoção, me leva...
Livre pincel a deslizar
Vou navegar, desbravador
Um errante sonhador
Voar pelas asas de um anjo
Num céu de azulejos pedir proteção
Vida de um retirante
No sol escaldante que queima o sertão


Moinhos vencer... Histórias de amor
Riscar poesias em lápis de cor
Você, que do morro fez vida real
Pintou nossos lares num lindo mural
Você, retratando a alma, se fez ideal
Meu samba canta mensagens de "Guerra e Paz"
Seu nome será imortal em nosso Carnaval
É por ti que a Mocidade canta
Portinari, minha aquarela
Rompendo a tela, a realidade
Nas cores da felicidade
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Mais textos sobre Candido Portinari neste blog:


 Candido Portinari no MAM de São Paulo
 Um samba para Portinari
 Portinari de todos os tempos


Links para o Projeto Portinari:


Projeto Portinari
Paineis Guerra e Paz


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Veja abaixo o video onde o presidente Lula, na ONU, apresentou os paineis GUERRA e PAZ de Portinari:


sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Pão e Rosas para Todos




A galeria de exposições da Caixa Cultural, localizada na avenida Paulista em São Paulo, apresenta uma exposição com parte da obra gráfica do artista plástico brasileiro Carlos Scliar. A mostra iniciou no dia 9 de novembro e vai até o dia 8 de janeiro de 2012.


Auto-retrato com roupão listrado
Guache encerado / 54 x 40 cm
Paris, 1949 / coleção Michel Loeb
Essa exposição, bastante sintética, evidencia algo da atuação política e social desse artista gaúcho nascido em 1920. São algumas serigrafias, alguns desenhos que ele fez no período da II Guerra Mundial, na Itália; gravuras com temas gaúchos; telhados de casas de Ouro Preto; litografias, ilustrações, etc. São quase 100 obras que dão uma idéia do peso desse artista na arte moderna brasileira.


Carlos Scliar nasceu no dia 21 de junho de 1920 em Santa Maria da Boca do Monte, no Rio Grande do Sul. Foi desenhista, pintor, gravador, ilustrador, cenógrafo, roteirista e designer gráfico. Ao longo da vida, participou de muitas exposições no Brasil e no exterior. Como sempre preocupado com as questões sociais do povo brasileiro, filiou-se ao Partido Comunista do Brasil e foi ativo militante de esquerda. Produziu cartazes, ilustrou livros e revistas com temática política e social.


Scliar sempre buscava inovar no uso dos materiais: fez gravuras, serigrafias, óleo, têmpera, guache, acrílica. Fez pinturas, ilustrações, murais. Foi um artista das artes gráficas também, fazendo capas de livros e revistas, ilustrações.


Carlos Scliar em sua primeira exposição,
antes de ir para a Guerra em 1944
Sua primeira participação em exposições foi em Porto Alegre, em 1935, na Exposição do centenário Farroupilha. Em 1938 participou da Fundação da Associação Riograndense de Artes Plásticas Francisco Lisboa, que questionava os cânones da arte acadêmica e neoclássica que ainda influenciava a pintura brasileira, com origens na Europa. Em 1940 mudou-se para São Paulo e juntou-se aos artistas paulistas do Grupo Santa Helena e da Família Artística Paulista. Mas em 1944, convocado pela Força Expedicionária Brasileira, foi para a Itália, como soldado. Sua observação dos campos de batalha produziu desenhos onde ele retratou a si mesmo e aos outros soldados. Fez também croquis de casas e paisagens do norte da Itália. Uma parte desses desenhos está exposta na galeria da avenida Paulista.


Mas Carlos Scliar também participou ativamente de movimentos pela paz, inclusive em Paris, onde morou a partir de 1947. Inicialmente pensava em se instalar na capital francesa, mas logo percebeu que sua arte tinha uma profunda raiz na sua terra, o Brasil. Voltou para cá em 1950, indo primeiro para o Rio Grande do Sul, onde participou da criação do Clube de Gravura de Porto Alegre. Mas tanto no Rio de Janeiro quanto em São Paulo, sua atividade como artista foi intensa, inclusive nas artes gráficas. Fez ilustrações para romances de Jorge Amado, seu amigo, e para a peça “Orfeu da Conceição” de Vinícius de Moraes.


Desenho feito durante a guerra
na Itália
Depois de 1960 dedicou-se especialmente à pintura, realizando diversas exposições. Diz o texto do site do Instituto Carlos Scliar: “Os anos 60 fizeram aflorar um artista sensível, sintonizado com o seu povo e com o mundo em que vive. Sua formação humanista, o espaço cubista, a atmosfera metafísica de Morandi, o rigor do desenho perseguido nos clubes de gravura e uma espécie de sensibilidade "elliotiana"  a trabalhar com a noção do tempo de uma maneira dinâmica e questionadora, tudo isso foi formando, até o fim da vida, a personalidade do artista.”


Abaixo, alguns textos recolhidos no site do Instituto Cultural Carlos Scliar, que funciona em Cabo Frio, Rio de Janeiro, na mesma casa onde ele viveu até sua morte em 2001. Lá funciona uma espécie de casa-ateliê, onde crianças e adolescentes carentes têm aula de arte, artesanato e noções de marcenaria. Bem no espírito desse artista profundamente humano e envolvido com os problemas de seu tempo.


Os textos abaixo são de amigos, companheiros, camaradas, que falam desse artista de uma forma que pode nos dar uma ideia muito boa de quem era o artista e o homem Carlos Scliar.


Niemeyer, Scliar e Vinícius de Moraes
Oscar Niemeyer:


"Scliar é um querido amigo. Um companheiro dos velhos tempos do Café Amarelinho, do PCB, da luta política que sempre nos comoveu. E ele, como eu, a seguir os acontecimentos sem recuos, sem temores, consciente de que a miséria nos cerca e que ao lado dela, dos nossos irmãos mais pobres, devemos caminhar. Esse é o lado humano do nosso camarada. O outro, que o ocupou também inteiramente, é o de sua carreira, artista plástico, de pintor de talento, que hoje, passados tantos anos, é por todos admirado."


"É sempre bom falar dos amigos, e, quando se trata de um velho e querido companheiro como Carlos Scliar, é melhor ainda. Dizer como é importante este grande brasileiro, voltado para sua pintura a vida inteira, mantendo-a – tão vasta – dentro da unidade e no nível superior por todos procurados. E, principalmente, lembrar como se faz atuante e solidário diante desta miséria, deste mundo injusto em que vivemos."


Scliar e Jorge Amado
Jorge Amado:


“Já se passaram mais de quarenta anos do primeiro impacto sofrido por mim ao contemplar em São Paulo trabalhos de quem era então quase um menino, apenas um adolescente, recém-chegado do Rio Grande do Sul com telas e pincéis, uns olhos claros e ternos, o coração pleno de sonhos, um caráter já inflexível, o dom da amizade, o talento incomum. Eram uns quadros enormes, ambiciosos, ninguém poderia ficar indiferente ante tanta força, tamanha decisão, a vocação definitiva de um pintor que ali estava ainda em gestação, aquela presença que não podia deixar a mínima dúvida sobre o dia de amanhã. (...)
Humanismo, eis a palavra que resume o trabalho de Carlos Scliar, no qual a beleza se supera a cada pincelada."



Vinícius de Moraes:


"Para Scliar a vida conta em seus mínimos detalhes. Pode ele não ser talvez - por se tratar de artista notavelmente equilibrado - um participante desabrido, no sentido picasseano, pois em Scliar a coragem de viver é sempre amenizada por uma grande ternura por tudo o que existe. É difícil encontrar criatura menos egoísta. (...) Sua arte traduz um refinamento orgânico, fruto de sua evolução como homem; constitui uma síntese sem perda de substância. (...) Buscando extrair dos objetos (que são, ademais de criação do homem, seus melhores amigos) o máximo de sua essencialidade, Scliar revela de saída, para quem souber ver, toda a pureza de seu humanismo dialético, do seu intenso mas disciplinado amor pelo homem através do que o homem cria com suas próprias mãos. (...) Como se o pintor oferecesse ao homem, seu semelhante, certos segredos e nuanças de sua própria obra que este, sempre voltado para o prosaismo do seu cotidiano, não pudesse ou não soubesse mais ver.


Num meio artístico aloprado como o nosso, a coerência de Scliar como pintor é admirável. E a coisa linda também nesse poeta do objetivo é que o sucesso e a prosperidade em nada afetaram o seu angelismo, em nada comprometeram a sua inata disciplina e frugalidade. Eu, simplesmente, gosto de Scliar, isso é tão simples. E independente da grande admiração que tenho por ele."


Jaguar:


"Só respeito pintor que saiba desenhar. Picasso e Matisse eram desenhistas geniais. Dos vivos, o inglês David Hockney, pintor da minha predileção, é um desenhista excepcional. Portinari desenhava paca, Sagall também. Misturar cores para dar um efeito bonito é fácil, mas desenhar, eu diria, à maneira de Noel, é que é o X do problema. Essa volta toda foi para falar do Scliar, que sabia tudo de pintura e foi  embora no fim de abril."


Clarice Lispector:


"Nenhum pintor é obrigado a ser inteligente. Mas Carlos Scliar é, e muito. Ele diz, por exemplo, que se considera um homem rico de tudo o que os outros construíram para ele. E só espera poder retribuir (com arte). Uma frase que define Carlos Scliar é uma que ele me disse há anos: 'Gostaria que meus quadros incutissem esperança e força a todos.


A obra de Scliar oferece-nos, assim, uma tranqüila reedificação do mundo, um espetáculo de ordem, onde o visual tangencia um rigor quase matemático, um pré-modo de ser, uma espécie de assembléia-geral."

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Vivências em ateliês de Paris

A tela original é de Jan Vermeer "Moça com brinco de pérola"
- esta é uma cópia que está sendo pintada por mim - terceiro dia de ttrabalho
Depois de 5 dias, ela está ficando assim...
Duas atividades em especial, marcam esta minha estada de quinze dias aqui em Paris. Em primeiro lugar, pintando uma cópia do "Moça com brinco de pérola" de Jan Vermeer sob a orientação de uma pintora copista do Louvre. Em segundo lugar, fazer aulas de desenho com modelo vivo na Academia de la Grande Chaumière, aqui em Montparnasse, bairro de Paris.

Há alguns meses atrás soube, em São Paulo, do Atelier de Alejandra Astorquiza em Paris, copista do Museu do Louvre. A especialidade dela é copiar grandes obras dos grandes mestres, muitas vezes em frente às próprias obras no Louvre. Como faço parte de um Atelier em São Paulo que também usa como referência as obras dos mestres da pintura, considerei que podia ser muito boa a experiência de fazer um estágio intensivo de uma semana, junto com Alejandra, e aprender diretamente dela um pouco da sua técnica de copista.

Depois de três dias inteiros, e 24 horas de trabalho intenso, minha "Moça com brinco de pérola" começa a me olhar, com seu olhar enigmático. Ainda há muito o que trabalhar no rosto dela, no olhar dela e especialmente na boca dela. Alejandra me disse que esse quadro, junto com a Monalisa de Da Vinci, trazem rostos com os sorrisos mais enigmáticos e difíceis de copiar. Ou seja, minha tarefa não é nenhum pouco fácil. Ainda tenho dois dias inteiros de trabalho, que vou concentrar no rosto dela. Todo o restante que ficar faltando, farei sozinha em meu atelier em São Paulo.


Sala centenária do atelier de la Grande Chaumière
para onde se dirigem artistas e estudantes de arte desde o começo do século XX
Mas também fui à "Grande Chaumiére".

Este atelier fica dentro de um prédio secular aqui do bairro legendário de Montparnasse, e abriga a Academia de la Grande Chaumière, uma das mais antigas de Paris, fundada em 1909.  Lá acontecem cursos livres de desenho, pintura e escultura e está aberta a qualquer um que queira vir treinar aqui. Por estes bancos e estes apoios de madeira em volta da cena principal onde posam modelos, artistas célebres ou não, sentaram e continuam sentando para praticar uma das maneiras mais antigas de estudo de pintura: modelo vivo, nus ou em representação de personagem. Os artistas fazem seus croquis com grafite, carvão, pastel, óleo, acrílica, aquarela...

Fernand Léger (1881-1955) passou por aqui, assim como André Lhote (1885-1962), Emile Antoine Bourdelle (1861-1929), todos professores, ensinando novos artistas. Alberto Giacometti (1901-1966), o grande escultor, aprendeu aqui diretamente com Bourdelle.

Esta Académie de la Grande Chaumière já atraiu artistas de muitos países, de diversas gerações, nestes cem anos, e praticantes das técnicas mais diversas. Porque a Grande Chaumière é uma academia livre, qualquer um pode desenvolver a técnica que quiser. É assim, desde que foi criada em 1901. Alexander Calder (1898-1976), norte-americano; Amedeo Modigliani (1884-1920), italiano; Joán Miró (1893-1983), pintor espanhol, todos sentaram nestes mesmos bancos que vi ao meu redor.

Também alguns artistas brasileiros vieram desenhar aqui, como Lasar Segall, Quirino Campofiorito, Antonio Bandeira, Vieira da Silva e outros.

Ontem, desenhando e pintando junto comigo, tinha umas 40 pessoas, dispostas em semi-círculo em volta de uma modelo francesa, muito simpática, que posou nua. A primeira sessão foi de 45 minutos. Pausa de uns quinze minutos para um lanche servido pela administração da escola: chás diversos, espetinhos com legumes e embutidos, pães, vinho, suco... Depois mais quatro sessões de 25 minutos cada, com pequeno intervalo de 5 minutos, quando a modelo aproveitava para descansar.

Fiquei observando as pessoas, enquanto tomava meu chá, tentando adivinhar o que faziam, se eram pintores, ilustradores ou escultores, se tinham atelier, se eram conhecidos... As madeiras onde apoiamos nossas pranchas de trabalho são as mesmas há mais de cem anos. De tão usadas já estão meio roliças. Os bancos, alguns cobertos com couro, são os mesmos bancos rústicos usados há mais de cem anos, dezenas deles de várias alturas, dependendo da posição que se toma em relação ao lugar onde está a modelo.

Ela fica na frente, numa espécie de altar onde ela é a deusa. Ou o deus, no caso dos modelos homens. Em torno desses modelos, centenas de artistas se juntaram aqui, estudando cada detalhe da anatomia de seus corpos, a direção do jato de luz lançado sobre os modelos, as projeções das sombras, os valores dessas diversas gradações entre luz e sombra... Desenhando, repetimos em nossas pranchas as formas do que vemos.

É muito bom poder viver isso pessoalmente! É muito boa essa experiência de conviver com tantos desconhecidos, de várias idades, que falam uma língua diferente da minha (e talvez outras), mas que nos unimos na mesma e universal linguagem da Arte, na qual todos nós nos compreendemos uns aos outros. Neste espaço de la Grande Chaumière, junto com essas pessoas, lembrei de uma frase de origem africana da qual gosto muito e que explica o que penso também sobre fazer Arte:

"Se você quer ir rápido, vá sozinho. Se você quiser ir longe, vá com outros!"

Ontem desenhei em meu caderno, além do corpo da modelo, toda a minha própria ventura de estar aqui...


A modelo, enquanto se preparava. Em primeiro plano, meu material de desenho. Logo atrás, a madeira que apoia o material do artista, já tão gasta de tanto uso

sábado, 20 de agosto de 2011

Procuram-se desenhistas brasileiros

Foi inaugurado, neste 18 de agosto, o site Urban Sketchers Brasil, que pretende reunir desenhistas de rua brasileiros. A ideia dos administradores do site, João Pinheiro, Eduardo Bajzek e Juliana Russo é juntar correspondentes de todos os estados, entre ilustradores, arquitetos, pintores e pessoas de qualquer área que gostem de fazer desenhos por onde andam.

Os fundadores do Urban Sketchers Brasil:
Eduardo Bajzek, Juliana Russo e João Pinheiro
Essa ideia partiu do site internacional Urban Sketchers, uma grande comunidade internacional que reúne milhares de entusiastas do mundo todo, juntando pessoas que têm como paixão comum desenhar nas ruas de suas cidades, e nas viagens que fazem. Seus desenhos são disponibilizados no site, criando essa grande comunidade internacional de pessoas amantes do desenho feito à mão. Essa organização sem fins lucrativos possui mais de 100 correspondentes de mais de 30 países que recentemente se reuniram no II Simpósio em Lisboa, Portugal. A ideia inicial surgiu do jornalista e ilustrador Gabriel Campanário, espanhol residente em Seattle, EUA.

Os desenhistas são desde arquitetos, ilustradores, pintores, designers gráficos, web desenvolvedores e educadores, mas também envolvem pessoas de qualquer profissão que façam desenhos de observação.

Aquarela de Eduardo Bazjek, igreja ortodoxa do
bairro do Paraíso, São Paulo
Esse grupo segue um Manifesto em comum, uma espécie de carta de intenções que ajuda a organizar os desenhistas. Entre os principais pontos do manifesto estão: “Nós fazemos desenhos de lugares, capturando aquilo que estamos vendo da observação direta, seja em ambientes externos ou internos; nossos desenhos contam histórias do dia a dia, dos lugares em que vivemos, e para onde viajamos; nossos desenhos são um registro do tempo e do lugar; nós somos fiéis às cenas que estamos retratando; nós utilizamos qualquer tipo de midia e respeitamos nosso estilo individual; nós nos apoiamos e desenhamos juntos; nós compartilhamos nossos desenhos online; nós mostramos ao mundo, um desenho de cada vez.”

Entre as regras estão: não desenhar com base em fotografias; evitar edições em Photoshop (a não são ser algum ajuste de contraste, brilho, pouca coisa). A idéia é “congelar” o tempo no caderno, com o material que tínhamos em mãos naquele momento. Também não valem desenhos de sessões de modelo vivo.

Desenho de João Pinheiro, igreja ortodoxa, bairro do Paraíso, São Paulo
João Pinheiro, um dos organizadores brasileiros do blog nacional dos desenhistas, se entusiasma com a ideia de juntar gente que desenha de todo o Brasil: “O Brasil, com sua proporção continental, incrível variedade cultural, étnica, além de uma rica história artística, que apesar de curta, já tem artistas conhecidos mundialmente e tantas outras coisas extraordinárias, nossa música, por exemplo, tem tudo para ser uma vitrine rica e variada de desenhistas ímpares. Desculpem o tom excitado, mas já estou imaginando os desenhos que aparecerão aqui todos os dias, do Oiapoque ao Chuí, mal posso esperar.

Desenho de Juliana Russo, igreja
ortodoxa, bairro do Paraíso, São Paulo
Ele reafirma que o principal objetivo do site que foi criado esta semana “é integrar artistas que fazem desenhos de cenas urbanas, em suas respectivas cidades, ao redor do Brasil e principalmente incentivar a prática do desenho.”

A ideia é que haja pelo menos um desenhista de cada estado brasileiro. Serão encorajados encontros regulares em todas as cidades onde um “urban sketchers” organize um evento. Também serão realizados sketchcrawls (desenhos em grupo), assim como encontros nacionais. Também será encorajada a participação de desenhistas brasileiros nos Simpósios internacionais do Urban Sketchers, como o que aconteceu em Lisboa neste ano.


João Pinheiro, assim como Eduardo Bajzek e Juliana Russo, conclamam os desenhistas brasileiros, os “retratistas obsessivos do cotidiano” para que se juntem a nós nessa empreitada. Vamos juntar nossos cadernos de desenho, vamos invadir todas as ruas desse imenso Brasil, registrando o cotidiano do nosso país e de nossa gente!

Se você é um desenhista brasileiro, retratista obsessivo do cotidiano, está convidado a se juntar a nós, neste grupo. Ou mesmo se conhece algum amigo ou amiga que se interessa em participar, entre no site http://brasil.urbansketchers.org e veja como solicitar a participação.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Edíria Carneiro: arte e vida se entrelaçam

Numa tarde de sábado, há alguns meses, passei algumas horas muito agradáveis na companhia de uma artista plástica de longa e impressionante história: Edíria Carneiro. Esse encontro aconteceu em sua casa, no bairro da Bela Vista, em São Paulo. Ela, pessoalmente, abriu-me a porta do apartamento onde mora, com um sorriso muito simpático no rosto e um abraço apertado. Finalmente eu estava diante desta artista que carrega uma experiência de vida das mais ricas!

Para aquecer a conversa, fomos vendo juntas uma série de fotografias tiradas por ocasião de uma visita recente de Edíria à Escola Florestan Fernandes, do MST. Lá, ela havia recebido uma homenagem por sua doação à Escola do MST de seis telas a óleo, pintadas por ela. Ao final,  foi me contando sobre sua riquíssima experiência de vida como artista, como comunista, como mãe e como esposa de João Amazonas, antigo dirigente do PCdoB.

Primeiras pinceladas


Edíria Carneiro nasceu em Salvador, Bahia. Desde cedo se interessou pelas artes plásticas, indo estudar na Escola de Belas Artes de Salvador. “Lá tínhamos aula de desenho com modelo vivo e tudo", diz ela. "E eu precisava esconder meus desenhos de modelos nus, para minha mãe não ver”, conta, sorrindo. “Imagina o que era isso na década de 30...”

Um de seus lugares de exercício de desenho era na porta do Convento São Francisco, onde os pobres se enfileiravam para receber uma sopa. “A pobreza sempre foi uma coisa que me tocou”, complementa. Em seguida, encaminhou-se para o campo da ilustração e fez desenhos para a revista baiana “Seiva”, um instrumento de luta política e cultural e de resistência ao fascismo, que, naquela época, já estava em ascensão. Na sequência, filiou-se ao PCdoB.

Em 1945, a UNE organizou um Congresso no Rio de Janeiro, do qual Edíria participou. Disse ela que, quando chegou ao Rio e viu toda aquela movimentação política, social e artística da capital federal, pensou e decidiu: “Eu não vou mais voltar para a Bahia”. Lá na sua terra era muito mais difícil, para ela, ser militante do Partido Comunista. “Ir às reuniões do Partido à noite? Minha família não ia deixar...” Ainda havia muito preconceito contra a participação de mulheres tanto na política quanto nas artes.


Decidida a ficar morando no Rio, Edíria se instalou no bairro de Ipanema. Como o Partido estava precisando de uma desenhista, Edíria foi trabalhar como ilustradora do Jornal "A Classe Operária". “Naqueles tempos, observa ela, os jornais não possuíam, como hoje, fotógrafos à disposição. Então o papel dos ilustradores era muito importante”.

Ela lembra que a "A Classe Operária" ainda não estava com todo o corpo de redação completo e não tinha uma sede própria, funcionando na sede do Comitê Nacional, na Lapa, onde ela conheceu seu futuro companheiro João Amazonas. Ele já era um dos dirigentes do Partido, atuando na área sindical. “Aí começou aquele namorico”, diz Edíria entre sorrisos.

Além da “A Classe Operária”, ela também atuava no “Momento Feminino”, um jornal editado por mulheres, cuja diretora era Arcelina Mochel, uma advogada maranhense, cuja família possuía muitos membros atuando como militantes comunistas. Heloísa Ramos - esposa do escritor Graciliano Ramos, também filiado ao PCdoB – também atuava nesse jornal. Então, assim era Edíria, a ilustradora de jornais que também desenhava panfletos, material de propaganda, etc.

Em 1946, ela frequentou o curso livre de Artes Gráficas da Fundação Getúlio Vargas, onde aprendeu a técnica de xilogravura com Axl Leskochek, e de gravura em metal com Carlos Oswald. Nessa escola também estudou pintura com Tomás Santa Rosa.

Uma de suas muitas experiências com artes visuais foi o convite do Barão de Itararé para ela pintar suas faixas de campanha política. Ele era o dono, nessa época, de um jornal intitulado "A Manha". O Barão de Itararé era candidato a Vereador pelo PCdoB do Rio. “Eu fiz as faixas da campanha dele, porque ele queria que tivesse sua caricatura, e o pessoal que fazia faixas não sabia desenhar, só faziam letras. O Barão de Itararé (que era um humorista nato),queria faixas engraçadas e eu fiz. Eu fazia um bocado de faixas para o Partido, eu fazia de tudo”, diz ela mais uma vez sorrindo.

Nas atividades do PCdoB, Edíria “era pau para toda obra” no campo da ilustração e desenho gráfico. Além de manter seu trabalho como artista plástica. Foi convidada, então, para fazer a cenografia de uma Sinfonia de Dmitri Shostakovich, compositor soviético, que seria apresentada no Estádio das Laranjeiras, naquela época um grande estádio de futebol.

Era um verdadeiro desafio para a jovem artista, uma vez que seus painéis seriam o pano de fundo da sinfonia em três atos que seria assistida por uma plateia muito grande. Esse era um evento cultural organizado pelos comunistas e mostra, diz ela, o imenso prestígio que tinha o Partido Comunista naquele momento político, social e cultural brasileiro. "Qualquer atividade organizada pelo Partido era muito concorrida!", recorda Edíria.

"A sede Distrital do Partido no Rio, foi doada pelo arquiteto Oscar Niemeyer. Havia uma sala enorme, que eu usei para pintar os painéis”. Diante do desafio de um trabalho tão novo, ela foi
procurar o pintor Tomás Santa Rosa, que já era célebre naquele tempo. Ele era auxiliar de Cândido Portinari, também filiado ao Partido Comunista.

“Eu conhecia bem Santa Rosa e tinha liberdade de lhe pedir algumas dicas e conselhos, já que ele era cenógrafo, acostumado a pintar em tamanhos grandes. Foi ele o cenógrafo, inclusive, da peça “Véu de Noiva”, de Nelson Rodrigues. Ele era muito amigo nosso”.

Em seguida Edíria participou, com um trabalho seu, do Salão Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. Nesse Salão, ganhou uma medalha de bronze, mas nunca pode ir recebê-la porque, em seguida, o Partido caiu na ilegalidade e os deputados comunistas foram cassados. “Nem minha pintura eu pude ir buscar”, completa ela, sempre com o mesmo sorriso, os olhinhos brilhantes e o ânimo tão característico dela.


As cores densas da clandestinidade


Após a decretação da ilegalidade do Partido Comunista do Brasil e a cassação do mandato de deputado de João Amazonas, eles entraram na vida de clandestinidade. Mudaram-se do Rio para São Paulo, onde viveram por uns dois anos, trocando de casa frequentemente para não chamar a atenção.

Nesse período, Edíria só fez uma única ilustração, para um texto do Partido sobre mulheres, que não continha sua assinatura, por motivos de segurança. Ela pouco podia conviver socialmente, e não foi a nenhuma exposição de arte enquanto esteve em São Paulo, diferentemente de sua vida anterior no Rio de Janeiro onde conhecia muita gente dos meios político e artístico.

Após dois anos, voltaram ao Rio, pois João Amazonas tinha novas tarefas lá. A mesma vida difícil da clandestinidade continuava, no entanto. “A gente alugava uma casinha, lembra ela, depois, quando ficava algum tempo naquela casa, mudava para outra, para não ficar conhecido”. Ela disse que desenhava, quando podia, sobre qualquer tipo de papel, mas sem nada poder guardar e levar consigo.

Algum tempo depois, ficou grávida da primeira filha. Próximo ao momento do parto, estourou uma greve importante de operários em São Paulo, para onde seu marido, João Amazonas, foi enviado.

“Foi uma história complicada – conta Edíria entre risos. Me lembro que fui para a Casa de Saúde... Nós morávamos no subúrbio do Rio. Eu fui para o hospital, tive minha filha e na hora de sair eu simplesmente não tinha dinheiro para pagar o hospital.” Edíria, com o bom humor de sempre, completa: “Aí eu fiquei no hospital fingindo que estava doente, até que finalmente lembrei de uma amiga, a mulher do Diógenes Arruda, também dirigente do partido. Ela trabalhava na biblioteca da Câmara Municipal. Mandei um recado para ela ir até o hospital, e lhe contei a história. Ela conseguiu o dinheiro que eu precisava, paguei o hospital e fui para casa.”

O mesmo se passou com o nascimento dos outros dois filhos do casal. Seu companheiro sempre estava viajando em alguma tarefa do Partido. “Nossa vida foi assim, sempre tumultuada. Nunca foi uma vida linear...”, diz ela.

Em 1959, Edíria e João mudaram-se para o Rio Grande do Sul, onde puderam ter uma vida um pouco mais dentro da normalidade. “Em Porto Alegre, eu voltei a frequentar exposições e fui procurar fazer um curso de artes plásticas.” Tornou-se aluna do pintor Iberê Camargo, com quem fez um curso de pintura, que era patrocinado pela Prefeitura de Porto Alegre. Além disso, frequentava teatros, ia a concertos, a exposições. Lá viveram de dois a três anos.

Mas nessa época, as divergências dentro do Partido Comunista tinham chegado a uma situação difícil, até que houve o rompimento: João Amazonas seguiu com o PCdoB e Prestes, por outro caminho, à frente do PCB. Mais uma vez, Edíria e João tiveram que mudar de cidade.

Retornaram ao Rio de Janeiro, sem dinheiro, sem lugar para morar. Ela então escreveu uma carta a seu pai, que era Juiz de Direito e morava na Bahia, pedindo ajuda. Ele enviou o dinheiro e ela e os filhos passaram alguns meses com seus pais. João permaneceu no Rio providenciando uma situação melhor.

Já estavam em São Paulo, quando a Ditadura Militar lançou seu manto trágico sobre o Brasil. Em 1968, o PCdoB começou a organizar a Guerrilha do Araguaia, como ato de resistência à ditadura, e João Amazonas seguiu para a região, deixando a família em São Paulo. Um certo dia, Edíria recebe um recado de que deveria encontrar-se com João. “Ele me disse que ia fazer uma viagem à China e combinou de nos encontrarmos em Paris, uns meses depois.” Nessa época, os filhos já estavam todos adultos.

A ideia era que Amazonas voltasse ao Brasil. Mas em 1976 aconteceu o episódio da Queda da Lapa, uma reunião do Comitê Central do PCdoB que foi estourada pelo Exército, onde foram assassinados os dirigentes comunistas Ângelo Arroyo e Pedro Pomar, além dos outros que foram presos e selvagemente torturados.

“Com isso – disse Edíria – o João não podia voltar! Ele acabou ficando em Paris, com documentação de português. Era Monsieur Pereira”, diz ela, sorridente. E completa: “Cheguei lá e vi que ele estava muito doente! Então lhe disse que eu não voltava para o Brasil, que não ia deixar ele doente lá!” O casal se instalou, então, na capital francesa, aonde viveram exilados por quatro anos, voltando ao Brasil depois da decretação da Anistia, em 1980.


Uma artista no estrangeiro

Em Paris, Edíria voltou aos cursos de artes plásticas. Esteve com Friedlaender, um gravador muito conhecido e já muito velhinho. Ele perguntou por Lívio Abramo, que foi seu aluno. Segundo Edíria, ele não queria mais ter alunos e indicou o “Atelier 17” de Stanley William Hayter, de nacionalidade inglesa.

Por ocasião da II Guerra Mundial, Hayter, como Edíria o chama, mudou-se para os EUA. Lá deu aulas de gravura, tendo como um de seus alunos o pintor expressionista abstrato norte-americano Jackson Pollock, que também trabalhou no atelier do artista. Passaram pelo “Atelier 17” de Stanley W. Hayter muitos artistas famosos, como Miró, Picasso, Vieira da Silva, Giacometti...


Neste ponto da conversa, Edíria me convida a ir conhecer seu atelier, do outro lado da rua “no porão da casa da minha filha”. Fomos. Ela se apoiando no meu braço direito, para caminhar com mais apoio, enquanto atravessávamos a rua. Nossa primeira parada foi na sala, onde ela me mostrou pinturas e gravuras penduradas na parede. Ia mostrando, enquanto me explicava a técnica que havia aprendido com o gravador Hayter.

“Ele era químico, explica ela, e por isso ele criou e desenvolveu uma técnica de gravura que permite obter várias cores com uma única impressão”. Foi com essa técnica aprendida com Hayter que Edíria realizou muitas de suas gravuras. A tinta deve ter níveis de viscosidade diferentes, uns mais líquidos, outros mais viscosos. O resultado é que essa mistura entre tintas de viscosidades diferentes cria um efeito de repulsão entre elas que permite um bom acabamento em várias cores, com uma única passada pela prensa. Edíria, provavelmente, é a única gravadora brasileira atualmente que passou pelo Atelier 17, de Hayter.

Mas não foi fácil ser aluna de professor tão concorrido. Edíria foi procurá-lo em seu atelier e ouviu como resposta: “Eu não aceito mais nenhum aluno”. Ela interrompe a história e fala, como se precisasse argumentar com ele: “mas eu tinha que estudar com algum gravador!”

Como a primeira resposta foi negativa, Edíria começou a frequentar um outro atelier, menos importante, o de Joeles Serve, em uma rua que, segundo ela lembra, possuía “um bocado de ateliers”. Mas todos os dias, voltava ao Hayter, sempre com a mesma pergunta: já tem um lugar pra mim? Até que finalmente a chance apareceu, “para minha sorte”.

Hayer não gostava da idéia do artista solitário, separado da sociedade. No Atelier 17, artistas de várias partes do Mundo, de tendências e personalidades muito diversas, trabalhavam juntos e trocavam suas experiências e vivências. A personalidade forte e marcante de Hayter determinava um grande respeito pelo trabalho de cada um, não havendo lugar para críticas depreciativas ou desrespeito às exigências naturais do bom funcionamento de um atelier coletivo.

Ele dava grande importância à poética do traço. Instintivo que ele fosse, seria um ato de criação. Periodicamente Hayter fazia os alunos praticarem exercícios de desenho automático (com os olhos fechados) e todos aprendiam o manejo dos buris. Havia alunos de tendências diversas – abstratos e figurativos. Cada um respeitava o trabalho do outro. O próprio Hayter nunca criticava o trabalho de um aluno por seguir esta ou aquela tendência. E nenhum aluno tinha o direito de criticar o trabalho de um colega.

Ediria mostrou-me várias gravuras que fez com a técnica de Hayter. Numa delas, um casal ao centro, em meio a manchas disformes. Ela aponta e ri, dizendo: “Este quadro eu pus o nome de “Encontro”, porque este casal representa nós dois, maltratados, machucados”...

Perguntei-lhe sobre a vida em Paris: “Naquela época eu, como estrangeira, tinha que me apresentar a cada três meses ao serviço de imigração. Eu era a única brasileira. E Hayter, então, me dava um atestado de que eu era sua aluna. Eu levava esse papel na imigração e eles renovavam meu visto por mais alguns meses”.

Além dela, muitos outros artistas estrangeiros estudavam lá. “A vida cultural era fervilhante, lembra ela. Em Paris havia muito atelier, seja de gravura, seja de pintura. Tinham vários onde se davam sessões com modelo vivo. Qualquer um podia ir lá fazer seus desenhos e pinturas, pagando ao final da sessão”.

O atelier atual de Edíria está bem instalado e equipado, com três prensas para impressão de gravura, incluindo uma prensa elétrica. Ao fundo, uma mapoteca, onde ela guarda dezenas de cópias de gravuras, que nós duas fomos tirando uma a uma, enquanto ela ia contando suas histórias. Num armário, potes e potes de tinta, assim como pincéis, bisnagas de tinta a óleo, buris, todo o material de trabalho do artista.

“Tudo isso eu trouxe de Paris, inclusive esse rolo imenso que foi transportado de navio para cá. Fiz questão de trazer todo o meu material de trabalho, quando nós voltamos ao Brasil”, complementa Edíria.
De volta ao Brasil em 1980, tendo sido anistiada junto com seu marido, Edíria Carneiro trouxe consigo toda a experiência adquirida nesses quatro anos na França, convivendo com artistas de várias partes do mundo. Experiência que se somou a toda a sua trajetória de artista plástica, desde os primeiros anos de jovem estudante da Escola de Belas Artes da Bahia.

Entre suas experiências nas artes plásticas, convém destacar:


No Brasil:
Fez parte do Núcleo de Gravadores de São Paulo desde sua fundação (década de 60); II Bienal de Artes Plásticas de Salvador, Bahia; Bienal de Artes de Santos, São Paulo (década de 70); X e XI Bienais Internacionais de São Paulo (1969 e 1971); Salão Paulista de Arte Moderna (de 1963 a 1968); Salão Paulista de Arte Contemporânea (1969 a 1974); exposição no Memorial da América Latina, em São Paulo (2005); Câmara Federal de Brasília (2006); exposição individual ”Folclore Brasileiro”, Campos do Jordão, São Paulo (2006).


No exterior:
Expôs na Associação Brasil-Estados Unidos, em Washington, EUA (1961); no Salon d'Automne, em Paris, França ( de 1977 a 1981); Musée des Beaux Arts de Caen, França (1981); Salon des Artistes Françaises, em Paris ( de 1977 a 1981); Salon Internacional del Grabado, em Madri, Espanha ( de 1977 a 1981); Feira Internacional de Arte de Paris (1986); exposição no Museu de Arte Colonial a convite do Centro Wilfredo Lam, em Havana, Cuba (1991); Bienal de Gravura de Taiwan, China (1991); Mostra Internacional de Minigrabados em Madri, Espanha ( de 1994 a 1998).


Edíria tem obras nos acervos dos museus: Museu de Arte Moderna de São Paulo; Museu de Arte Moderna de Skoplje, Macedônia, antiga Iugoslávia; Museu del Grabado de Buenos Aires, Argentina; e no Cabinet d'Estampes de la Bibliothèque National de Paris, França e na Prefeitura de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. - É verbete no Dicionário das Artes Plásticas no Brasil (Roberto Pontual), no Dicionário de Artistas Plásticos – Instituto Nacional do Livro (MEC) e na Grande Enciclopédia Delta Larrouse (Edição Brasileira ano 1970).

Incansável, apesar da idade, Edíria ainda pinta telas a óleo. Ela é a representante, ainda viva, de um momento riquíssimo da história das artes plásticas brasileiras, pós-Semana de 1922, crescendo em meio ao movimento modernista, no qual se destacaram muitas mulheres pintoras, do porte de Anita Malfatti e Tarsila do Amaral. Assim é Edíria Carneiro Amazonas.



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NOTA DO BLOG:

A artista Edíria Carneiro faleceu em dezembro de 2011.