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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Preparando a primavera

Les Nymphéas, de Claude Monet, 1920-1926, óleo sobre tela, 602x219cm, Museu de l'Orangerie, Paris
As torrentes e os rios degelam de repente
Primavera em fulgor ressurge sem tardança!
No campo aflora em tudo alegria e esperança
enquanto o velho inverno, extênue e decadente
às ásperas montanhas se recolhe e lança
com os estertores finais, nos ares regelados
granizo em profusão que toda a terra envolve.
Cobrem-se verdejantes e distantes prados
com branca e pura neve e o sol logo a dissolve
tudo renasce e vibra com força e fantasia
Natureza rebenta em cores e poesia
E como nesse campo existem poucas flores
Enfeita-se com vestes humanas multicores.

Contempla desta altura a toda imensidade
e observa ao longe em direção à cidade
do vão da porta escura, em grande confusão
surge uma colorida e ávida multidão
Todos querem o calor do sol com ansiedade...
(...)
(O Fausto, de Goethe)

E eu vou, por aqui, preparando-me para uma primavera interrompida por um outono, que virá em poucos dias... Interrompendo a estação das flores, vou subindo para o norte hemisférico em busca das cores. Um frio um tanto a mais, mas o aquecimento interno que eu preciso. Cá embaixo, ao sul do equador, as flores estão chegando. Lá em cima, ao norte, cores me apontam novos rumos. Moças com brincos de pérola me indicam um mergulho em tubos de tinta e em pinceis de marta e mangouste que atravessarão as minhas mãos. Vou me banhar com aquelas cores seculares e profundas. Eu volto.

Monet pintando à beira da floresta, tela de John Singer Sargent, pintor realista, 1885