domingo, 19 de fevereiro de 2012

Guerra e Paz - para não esquecer

Milhares de paulistanos foram ver os paineis de Portinari, Guerra e Paz
Hoje, segunda-feira de carnaval, milhares de paulistanos foram ao Memorial da América Latina. Não que lá tivesse alguma grande programação carnavalesca. Não. A programação era ver arte mesmo, a arte presente nos paineis "Guerra e Paz" de Candido Portinari.

Sol forte, dia quente, e mesmo assim a fila não parava de crescer no Memorial. A cada 20 minutos, uma leva de 300 pessoas entrava de uma vez para ver os dois paineis de perto. Enquanto isso, a fila do lado de fora se mantinha em torno das 500 pessoas. E isso o dia inteiro, me disse o guarda. O horário de visita começa as 9h da manhã e vai até às 18h.

Os paineis foram pintados entre 1952 e 1956 e ficam instalados na sede da ONU em Nova Iorque, no hall de entrada do prédio. Mas o acesso a eles é restrito a autoridades do mundo todo. Por isso também, é bom fazer um esforço para ir vê-los, aqueles que estão aqui em São Paulo. Aqui eles estarão expostos até 21 de abril. Depois que voltarem ao prédio das Nações Unidas, em 2013, provavelmente ficarão durante décadas, bem longe do acesso público. Os paineis só puderam vir ao Brasil desta vez porque uma grande reforma está sendo feita no prédio da ONU e muito esforço foi feito, por parte do Projeto Portinari com o apoio do governo brasileiro, para que eles viessem para cá e pudessem ser restaurados aqui e mostrados ao povo.

Ao fundo o painel Paz.
Nada mais justo. Portinari é paulista, Portinari pintou o povo brasileiro, Portinari é do Brasil. Como podemos ver pelas cores e pelas figuras que ele escolheu para ilustrar esses dois temas sempre tão atuais da história da humanidade: Guerra e Paz. Os mesmos esquálidos seres humanos, em desespero diante da morte, diante das atrocidades da guerra. E os mesmos meninos e meninas, brasileiros em suas cores e suas brincadeiras, que aparecem por todo o painel Paz.

Não há como não sair de lá emocionado com o que se vê, diante da grandiosidade da tarefa aceita pelo pintor já doente, intoxicado pelo chumbo das tintas. Mas ali está a sua própria alma brasileira, ali pintada a sua alma caipira, e a marca da sua alma socialista: o sonho dele era maior do que ele, maior do que sua doença, que uma simples tela, tão grande quanto um painel: o sonho de um mundo de paz, de um mundo justo, de um mundo bom para todos.

Um sonho que ele via com o coração, como ele mesmo disse:

"A pintura que não fala ao coração não é arte, porque só ele a entende. Só o coração nos poderá tornar melhores e é essa grande função da arte. Não conheço nenhuma grande Arte que não esteja intimamente ligada ao povo”.

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